13/03/2011

Apneia do sono provoca doenças graves

Sabe o que é o síndrome de apneia obstrutiva do sono? Numa resposta simples e curta, este síndrome é uma desordem do sono caracterizada pela suspensão da respiração durante o sono. Estes episódios de apneia podem durar alguns segundos, por tempo suficiente para que uma ou mais respirações sejam perdidas, após os quais é retomada a respiração normal, e ocorrem repetidamente durante o sono.

O síndrome de apneia obstrutiva do sono pode causar doença cardiovascular, doença isquémica, diabetes, ou depressão, entre outras, além de poder conduzir a um quadro de total alheamento da realidade, por falta de descanso. O sono é fundamental na vida de todos nós. Dormir não é um luxo, mas sim uma necessidade fisiológica que toda a agente deve respeitar. A privação do sono, sobretudo quando continuada, pode ser responsável por muitos acontecimentos negativos na nossa vida. Neste quadro, incluem-se o aumento da probabilidade de contrair vários tipos de doenças crónicas, dificuldade no desempenho, na concentração e no estado de ânimo – se as más disposições matinais “falassem” revelariam interessantes dados sobre a matéria. Além disso associa-se a um aumento do risco de acidentes de trabalho ou de viação, por vezes trágicas, diz a Sociedade Portuguesa do Sono (SPS).



O síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS - vulgarmente conhecida simplesmente como "apneia do sono") é das uma 88 doenças do sono, de acordo com a classificação da American Academy of Sleep Medicine, mas é uma das patologias desta área mais perigosas e que mais preocupações levanta à comunidade médica. Trata-se de um problema respiratório do sono que se caracteriza por episódios repetidos de interrupção da respiração, apesar de continuar a desenvolver-se esforço para respirar. Apneia obstrutiva é a cessação completa da passagem do ar pelo nariz e pela boca, durante 10 segundos ou mais (períodos de perigosas suspensões da respiração). Um doente típico terá 5 ou mais apneias por hora de sono. Entre estas pausas respiratórias quase sempre o doente ressona ruidosamente. Como o sono nocturno está sujeito a frequentes interrupções, o doente tem habitualmente uma sonolência excessiva durante o dia. O SAOS pode prejudicar gravemente a qualidade de vida e aumentar do risco de doenças cardiovasculares e de morte súbita. Sendo uma situação séria e potencialmente mortal, deve ser diagnosticada e tratada eficazmente. Existe um outro tipo de apneia do sono, a apneia central, em que as vias aéreas não estão obstruídas, e que ocorre quando o cérebro falha no envio ao diafragma do estímulo para a respiração. Todavia, a apneia central é muito menos frequente que a obstrutiva.



Há vários estudos que indicam que as pessoas que sofrem de SAOS correm sérios riscos de saúde (hipertensão, doença cardiovascular, etc.) e até depressão. Na óptica de Miguel Meira e Cruz, director clínico da clínica Gente Saudável, especializada patologias do sono, persistem alguns equívocos acerca da gravidade da doença, até porque muitos dos pacientes de SAOS não apresentam queixas de falta de sono. «Apesar de uma boa noite de sono, em termos clínicos, não estar exclusivamente relacionada com a ausência de episódios de apneia (eu até preferia substituir o termo por “eventos respiratórios destabilizadores do sono”, porque envolvem a apneia, a hipopneia, a resistência aumentada das vias aéreas superiores…), é muito frequente que pacientes (principalmente do sexo masculino) que se apresentam na consulta com suspeita de patologia respiratória associada ao sono não apresentem queixas de qualidade de sono. Acham que até dormem bem e rapidamente após se deitarem – na verdade isto corresponde a uma má percepção, contrariada pela avaliação objectiva do sono nocturno em laboratório ou em casa».



Segundo o mesmo perito, os vários estudos sobre a SAOS apresentam conclusões “contraditórias”, o que vem dificultar ainda mais (baralhando) o trabalho dos médicos. «A evidência científica demonstra que a SAOS se encontra associada a uma série de co-morbilidades entre as quais estão as doenças referidas, mas com diferentes graus de evidência e até com alguns erros metodológicos que induzem a más interpretações. Por exemplo, no caso da depressão, existem dados controversos entre os estudos, sobretudo pela forma como se diagnostica a depressão. Por outro lado, alguns estudos sugerem que a depressão é antecessora dos eventos respiratórios enquanto outros sugerem que é subsequente a estes – o que torna complexa a interpretação objectiva».



De facto, diz a literatura científica, o que sabemos de forma inequívoca é que os doentes que sofrem de SAOS têm mais doença cardíaca isquémica, insuficiência cardíaca, maior susceptibilidade para a síndrome metabólica, para a resistência aumentada à insulina e para o desenvolvimento de diabetes, disfunção sexual, aumento da vulnerabilidade a infecções (por alterações imunológicas).


JOANA ARANTES

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